
Como vota um cristão

Recentemente a Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Rio Grande do Norte – IEADERN emitiu uma nota de orientação, que com acréscimos e ajustes meus, repasso à igreja.
CONSIDERANDO o momento da vida nacional, em que os brasileiros deverão votar nas próximas eleições para Presidente da República, Senador, Deputado Federal, Governador e Deputado Estadual;
CONSIDERANDO que as pessoas eventualmente eleitas para os referidos cargos assumirão os mais altos postos políticos da República Federativa do Brasil (Poderes Executivo Federal e Estadual e Legislativo Federal e Estadual) com competência para dirigirem administrativamente o nosso País, representarem-nos ante às demais Nações da Terra, definirem nossas futuras leis, além de cumprirem outras atribuições importantes, influenciando, assim, praticamente todas as áreas da vida social, inclusive no que tange aos direitos fundamentais à vida, à liberdade de crença, de pensamento e de expressão, dentre muitos outros afins;
CONSIDERANDO que a Igreja do Senhor Jesus, formada por cidadãos dos céus, exerça influencia marcante no meio social em que se insere, como ocorria nos tempos apostólicos;
CONSIDERANDO que cada cristão é livre para votar em quem desejar, de acordo com sua consciência, mas que a participação na vida da comunidade é importante para o cumprimento da missão da igreja, o cristão precisa demonstrar com a mensagem e com a vida, ter as melhores “propostas de governo” para o mundo, para a sociedade, para a família e para o indivíduo, vindas da cosmovisão judaico-cristã, a qual se baseia nos ditames da palavra de Deus.
CONSIDERANDO que é de grande importância que o servo ou serva de Deus saiba exercer o seu papel como cidadão, quando do momento das eleições, chegou a hora na qual deve demonstrar que é cidadão do céu, exercendo um direito de cidadão da terra, lembrando-se de que é “sal da terra” e “luz do mundo” (Mt 5.13,14). Desse modo, como eleitor, o cristão, deve saber definir o seu voto, observando alguns critérios, com base na ética emanada da palavra de Deus, não apoiando candidato(a) que, manifestamente ou ocultamente se posiciona contra os sagrados princípios cristãos.
CONSIDERANDO que a Igreja de Deus como uma instituição eminentemente cristã não se exime de anunciar e defender “a tempo e fora de tempo” os valores da cosmovisão judaico-cristã (Mt 28.19,20; Mc 16.15,16; At 1.8; 2 Tm 4.2 etc.).
CONSIDERANDO que os membros, respectivamente, têm o direito a receberem orientação acerca das condutas que contrariam as doutrinas bíblicas e, também, a serem instruídos “na prática da cidadania cristã”, emitem a presente orientação.
- Não vote em candidato(a) que é a favor do crime de aborto. A palavra de Deus diz: “… e não matarás o inocente” (Ex 23.7). Entendemos, à luz da Bíblia, que, a partir da fecundação, já existe um ser humano em formação, com o inalienável direito natural à vida, como dom de Deus. Diz a Bíblia que Deus vê o corpo “ainda informe”, o embrião em sua fase indiferenciada (Sl 139.16).
- Não vote em candidato(a) que é a favor do casamento homossexual, por contrariar frontalmente o plano de Deus para o matrimônio, instituído por Deus nos princípios da monogamia e da heterossexualidade (Gn 1.26,27; 2.24); a união homossexual é reprovada por Deus, de forma clara e indiscutível, como grave transgressão à sua Lei (Lv 18.22; 20.13. Rm 1.24-27; 1 Co 6.10 e referências).
- Não vote em candidato(a) que seja favorável à chamada “ideologia de gênero”, a qual apregoa e defende, sem a menor base científica, que o sexo biológico e natural não tem o menor valor, pois afirmam que a pessoa nasce com “gênero neutro”; podendo escolher se quer ser “homem” ou “mulher” a qualquer tempo que julgue oportuno. Ora, Deus criou o ser humano, com sua natureza definida, “macho” e “fêmea”, ou homem e mulher (Gn 1.26, 27), fato incontestavelmente comprovado pela ciência em termos biológicos, anatômicos, genéticos e hormonais.
- Não vote em candidato(a) cujo PARTIDO, em sua filosofia ou ideologia, professa o MARXISMO, O SOCIALISMO ou materialismo ateu, que entre outras negam a existência de Deus e defendem a eliminação da religião, especialmente da fé cristã. Esses partidos são classificados como de esquerda e abertamente manifestam-se contra os valores bíblicos, ex: PSOL, PT, PC do B, Etc...
- Não vote em quem defende a descriminalização da maconha, ou de outras drogas nocivas à saúde, as quais conduzem o viciado a práticas pecaminosas, abomináveis ao Senhor. A Bíblia recomenda a conversão deles: “para que assim voltem à sobriedade e escapem da armadilha do Diabo, que os aprisionou para fazerem a sua vontade” (II Tm 2.26).
- Não vote em quem faz apologia à pornografia, seja em nome da arte ou mesmo sob o argumento que a categorize como expressão cultural. A indústria pornográfica está levando milhões de adolescentes e jovens à prática da fornicação e, com isso, muitos casamentos têm sido desfeitos, numa frontal oposição à vontade divina que nos adverte: “Fujam da imoralidade sexual. Todos os outros pecados que alguém comete, fora do corpo os comete; mas quem peca sexualmente, peca contra o seu próprio corpo” (I Co 6:18);
- Não vote em quem tem discurso contra Israel, haja vista que a Bíblia diz: “E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). Veja qual a posição do candidato em relação a nação de Israel e seu direito a terra dada por Deus à eles. Partidos ou candidatos que apoiem a causa Palestina contra os Judeus devem ser rejeitados.

1. Devo votar apenas em candidato cristão?
Resposta: Não.
Embora o candidato cristão deva ter os requisitos mínimos para merecer o voto de alguém, cabe aqui lembrar que muitas vezes o próprio candidato, mesmo o cristão, pelo simples fato de ser um humano, está sujeito também a errar feio. Dessa forma, você pode votar em candidatos que não professam a nossa fé, mas que tenham valores corretos, integridade e que não afrontem os valores bíblicos da palavra de Deus.
2. Devo concordar com tudo que o meu candidato pensa?
Resposta: Não.
Embora você deva concordar com seu candidato naquilo que é essencial, central e inegociável para um cristão. Grande parte destes valores foram apresentados anteriormente na primeira parte desta pastoral. Valores secundários e terciários à fé cristã podem ser relevados. (Ex.: Pena de Morte, Armas, etc.)
3. Se todos os candidatos disponíveis discordam de um ou mais pontos inegociáveis a fé cristã: O que faço? Neste caso devo anular ou votar em branco?
Resposta: Não.
Pensemos na seguinte hipótese. Suponha que existam 10 pontos que são inegociáveis diante de Deus. Ore, reflita e depois diante de Deus vote no candidato que desrespeite a menor quantia destes itens, mas faça uma escolha.
4. O cristão pode se utilizar do chamado voto útil?
Resposta: Sim e Não: Depende do momento.
O voto útil é aquele voto em que se abre mão do candidato de sua escolha ou do que mais se harmoniza com os valores bíblicos inegociáveis, para votar e ajudar vencer o candidato menos pior entre os dois primeiros colocados nas pesquisas de intenção de voto. Como dissemos anteriormente, o cristão tem o livre direito de escolher e exercer sua cidadania. Aqui porém, é uma questão entre a consciência cristã e os efeitos práticos desta escolha para mudança no cenário político.
Então o que fazer? Em casos em que a eleição tenha dois turnos, vote no candidato que melhor se harmoniza com a fé cristã. Assim, você cumpre o seu dever cristão e cívico, ficando também em paz com sua consciência, pois não trabalhou para eleger um candidato errado. Em casos em que a eleição terá apenas um turno. Ore a Deus e vote para ajudar a eleger o candidato menos pior.
Por exemplo: Pode ter dois turnos para Presidente, governador e Prefeito. Então use o critério da consciência cristã. Mas, para Senador não haverá outro turno, então trabalhe diante do Senhor para não deixar que o pior ou mais ímpio vença. Assim, a melhor maneira de lidar com a questão é no primeiro turno votar no candidato que mais se adequada a fé e aos valores cristãos, independentemente se ele está em último lugar nas pesquisas. Porém, num eventual segundo turno entre candidatos que você não gosta e nem escolheu, faça uso do voto útil e eleja o menos pior para o Brasil.
5. Posso como cristão candidatar-me?
Resposta: Sim. Porém a igreja não deve encorajar e nem desestimular sua candidatura. Você tem todo direito civil de ocupar um cargo público e fazer diferença. Ex: José e Daniel. Mas não use o púlpito da igreja para fazer sua campanha.
6. Todo mundo que entra na politica vira corrupto?
Resposta: Não! Isso não é verdade!
Homens de Deus exerceram o papel político em momentos críticos da história e foram divisores de água: José, Moisés, Josué, Gideão, Davi, Salomão, Josafá, Ezequias, Josias, Daniel, Neemias. Esses homens exerceram o poder público com lisura, honradez e sabedoria
7. Posso votar nulo ou branco, já que nada muda mesmo?
Resposta: Civilmente sim, moralmente não.
Se devemos nos sujeitar aos lideres deste mundo, devemos assumir nossa responsabilidade de votar. Mesmo que meu voto não vá mudar nada, minha escolha é um dever. Votando assim, estará tentando se “tornar neutro”, fugindo do dever de tentar fazer a diferença. Pilatos lavou as mãos para se eximir da responsabilidade da morte de Jesus, mas mesmo assim Deus o considerou culpado do resultado. (At 4.27-28)
8. Posso apoiar candidatos a favor da pena de morte ou do direito ao armamento da população.
Resposta: Sim.
Mesmo que por razões de foro íntimo ou outras circunstâncias da vida você seja contrário a tais escolhas, devemos analisa-las da perspectiva bíblica. Quem criou e instituiu a pena de morte foi Deus em Gênesis 9.5-6. A bíblia diz que há tempo para tudo nesta vida, inclusive tempo de matar (Eclesiastes. 3.1-3). Pilatos tinha o poder de aplicar a pena de morte e Jesus disse à ele: “Você não teria isso se do alto não tivesse sido dado à você...” (João 19.10-11). O Apóstolo Paulo para mostrar que a pena de morte era um direito das autoridades, diz que: “As autoridades são ministros de Deus com uma espada na mão para matar se preciso e que por isso deveriam ser temidas. (Romanos 13.3-4). Pedro, Paulo, Jesus e outros morreram injustamente pela aplicação da pena de morte. Porém, nunca disseram que ela era ilegal ou errada. Certamente muitos inocentes irão morrer se isso for instituído no Brasil, mas a culpa não é do sistema criado, mas da perversidade de quem a administra. Antes do início do milênio haverá pena de morte dos rebeldes.
Quanto a candidatos que apoiem o armamento de civis, ninguém é obrigado a ter armas, mas também não se deve tirar do irmão que queira o direito de defender sua vida e família dessa forma. Não estamos falando de obrigação, mas do direito ou não de ter. O próprio Jesus instruiu seus discípulos a levarem um bordão nas viagens (Mc 6.8). Bordão era um cajado grosso de madeira, um bastão firme, por vezes arqueado na parte superior usado como apoio e também como arma de defesa contra animais ferozes e assaltantes. De onde será que vem o termo bordoada? Assim, não há problema em apoiar candidatos a favor disso.
Vote com sabedoria, oração e fé. Que Deus nos abençoe.
- ‧ - ‧ -
Marcos Samuel ♦ Pastor
IBR Bragança